Brasil no Vale do Silício: resiliência, inovação e talento no centro da tecnologia mundial
- Pateo76
- 12 de mai.
- 3 min de leitura
Com temas como tecnologia, sustentabilidade e transformação digital, evento destaca a potência criativa do Brasil e fortalece pontes com o ecossistema do Vale do Silício.

Tito Hollanda Barroso*
Enquanto muitos, em conversas informais e jantares, dizem que o Brasil perdeu sua força — que alguns dos nossos grandes ídolos estejam em gerações passadas—, tive o privilégio de participar de um evento que reacende o orgulho de ser brasileiro. No coração do Vale do Silício, na sede do Google, foi realizado o Brazil at Silicon Valley, um encontro exclusivo com mais de 600 convidados, entre empreendedores, investidores, professores, jornalistas e grandes nomes do ecossistema de inovação. Lá estavam representantes de startups em fase inicial e empresas bilionárias, lado a lado, trocando experiências, ouvindo, debatendo e aprendendo uns com os outros.
Idealizado por estudantes brasileiros das renomadas universidades de Stanford e Berkeley, o encontro deste ano, com apoio do jornal O Estado de São Paulo, teve como tema central “Embrace Resilience”. A proposta foi reconhecer e valorizar uma das maiores forças do nosso povo: a resiliência — essa habilidade única de se reinventar diante da escassez, transformar incertezas em estratégia e, acima de tudo, manter o propósito mesmo diante das adversidades.O evento abordou pilares essenciais como tecnologia, transformação digital e sustentabilidade, conectando o ecossistema brasileiro às tendências globais de inovação. A programação foi dividida em sessões práticas e paineis temáticos que trataram desde o impacto da IA nos negócios até as oportunidades da bioeconomia.
Na frente de tecnologia, Divesh Makan, sócio da Iconiq Capital — conhecida por gerir recursos de grandes nomes do Vale do Silício — compartilhou reflexões sobre a importância de investir em negócios com propósito e visão de longo prazo. Já James Manyika, vice-presidente sênior do Google, destacou como a inteligência artificial pode ser usada de forma ética e inclusiva para impulsionar o desenvolvimento em mercados emergentes como o Brasil. Michal Kosinski, professor de Stanford, provocou a todos sobre se será possível a IA evoluir, ser criativa e ter sentimentos. Um bom exemplo sobre a utilidade da “IA do bem” é que ela auxilia,a partir do laboratório de Stanford, autoridades ao redor do mundo a combater o tráfico humano. No Brasil, por exemplo, já foram socorridas mais de 65 mil vítimas.
O tema sustentabilidade, cada vez mais relevante no cenário global, ganhou destaque em painéis que ressaltaram o potencial do Brasil para liderar iniciativas em economia verde, biotecnologia e climatechs — startups focadas em soluções para os desafios climáticos.
Outro momento de destaque foi dado pelas executivas brasileiras Anna Piñol (partner na NFX), Maria Tereza Azevedo (Diretora de Investimentos na SoftBank), Camila Vieira (Principal na QED Investimentos) e Mariana Moura (Co-fundadora da 23s). Um painel só de mulheres falando como escolhem e avaliam investimentos e suas perspectivas sobre estratégias de Venture Capital na América Latina.
Um dos últimos pontos, e não menos importante, foi a divulgação do mapeamento feito pela Endeavor Brasil sobre os brasileiros no ecossistema tech global. Foram analisadas as jornadas de 400 fundadores, investidores e executivos brasileiros que estão construindo o futuro no exterior com 58 entrevistados. A diáspora se espalha por 138 cidades em 31 países, com forte presença nos EUA (59%). SaaS B2B e Fintech se destacam — com Fintech, em especial, refletindo a vantagem competitiva do Brasil em navegar sistemas bancários complexos. E um dado importante: 79% mentoram fundadores no Brasil, sendo que 90% estariam dispostos a fazer ainda mais e 58% investem em empresas brasileiras.
Mais do que trazer ao público brasileiro os debates mais atuais do Vale do Silício, o Brazil at Silicon Valley cumpriu um papel estratégico ao aproximar empreendedores e investidores, fomentando conexões valiosas para o crescimento de startups e negócios com DNA brasileiro. Houve intensa troca de experiências e networking, com encontros voltados à internacionalização de empresas, captação de investimentos e parcerias estratégicas.O resultado foi uma experiência transformadora — que inspira, conecta e reafirma a capacidade do Brasil de ocupar lugar de destaque no cenário global da inovação. Um Brasil que não apenas resiste, mas que avança com criatividade, colaboração e visão de futuro.
O que vi ali foi uma verdadeira celebração da criatividade, do talento e da resiliência brasileira. Pessoas de todas as idades, raças, orientações e histórias unidas por um ideal comum: acreditar no Brasil. A mensagem do evento, “Embrace Resilience”, foi mais do que um lema — foi um chamado à valorização do nosso potencial. O Brasil subiu ao palco central do maior polo de inovação do mundo para ensinar, inspirar e mostrar que, embora nossos antigos ídolos estejam em outras gerações, estamos formando uma nova leva de mentes brilhantes que, com certeza, nos encherão de orgulho.
*Tito Hollanda Barroso é coordenador do Pateo76, Hub de Inovação da Associação Comercial de São Paulo, mestre em Administração pela Darden Business School e é executivo de uma multinacional no setor de varejo